Via The Spectator.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
The Blessed Ones.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Sobre a preguiça.
Preguiça.
As pessoas trabalham mais hoje do que alguma vez aconteceu. Di-lo o filósofo suíço radicado em Inglaterra Alain de Botton, que teve a sorte que muitos de nós desejariam – é herdeiro de uma grande fortuna familiar, apesar de por um daqueles arbítrios que apenas os milionários se podem permitir, decidiu prescindir dela, e viver apenas dos seus ganhos como escritor.
Temos a sensação que vivemos na era do lazer, das férias, das viagens por prazer, mas é capaz de não ser assim. Trabalhamos demais diz ele. Na Idade Média a maior parte das pessoas trabalhava até ganhar o dinheiro que precisava para sobreviver e depois parava para desfrutar do que conseguira. Só voltava a trabalhar quando o dinheiro acabava. Na era industrial as pessoas começaram a cumprir as jornadas regulares de trabalho.
Hoje vivemos obcecados em ter uma vida produtiva. Trabalhar muito. Trabalhar incessantemente. Todos conhecemos alguém que fica com inquietações ao domingo à tarde com saudades do escritório. Ou quem invente desculpas para não tirar férias. Não é por acaso que nas férias aumentam as separações entre casais, os conflitos entre pais e filhos tendem a agudizar-se e os níveis de ansiedade para quem está habituado à rotina sobem imenso.
É difícil aceitar a preguiça. Aquela que é desejada, permitida, feliz. Porque também a há desgraçada, nascida da revolta, quando nos obrigam a algo que não desejamos. Falo daquela que irrompe, depois de um momento de satisfação, cumprido com um bom repasto ou de uma conversa agradável. É aí que, consolado, sem nenhum desejo para ser realizado, o corpo e a mente se entregam ao repouso, reconciliando-se com o mundo.
É do senso comum ouvir dizer-se que os portugueses trabalham pouco. Tenho dúvidas. Não sabem é, na maior parte das vezes, optimizar de forma qualitativa o seu tempo de trabalho. O historiador holandês Johan Huizinga defende que uma vida produtiva só é possível com muitos momentos de improdutividade. Ao homem da produção, do consumo e do trabalho, contrapõe o homem do jogo, do lúdico, da festa. Para ele, o homem trabalha, apenas porque deixou de saber desfrutar.
Ou seja, não sabe o que fazer com o ócio. Com o trabalho não. Vive-o como obrigação. Necessidade. Forma de disciplina. Paixão, para quem gosta muito do que faz. Forma de felicidade. Uma maneira de se manter entretido e de afastar a ideia de morte. Seja o que for, o trabalho identifica. Somos o que fazemos. É por isso que é tão difícil estar no desemprego. Não é apenas o dinheiro. É também a identidade de cada um que se joga. Fora do mercado de trabalho é como se não se existisse.
Estranha sociedade esta em que uma parte está desesperada, por excesso de trabalho, e a outra por não ter emprego. Uma sociedade onde se fala do esbanjamento de recursos naturais, como o petróleo e a água, e onde se esquece o desperdício do recurso mais precioso, o ser humano, com direito ao trabalho e à preguiça, porque o tempo é o principal recurso não renovável.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Sobre a Incontinência Emocional.
Ler aqui o artigo do Telegraph sobre a disfunção que dá o título ao post.
E também tem piada este aqui do Theodore Dalrymple, que é colunista do Spectator.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Dekalog - The Ten Commandments.
"Everyone seems to accept the Ten Commandments as a kind of moral basis, and everyone breaks them daily. Just the attempt to respect them is already a major achievement." K. Kieslowski.
O argumento e a realização são sublimes, a cinematografia (cada episódio tem o seu director de fotografia) é absolutamente excepcional, e a direcção artística, também pelas reminiscências que traz às pessoas da minha geração, é exemplar.
A narrativa explora momentos do quotidiano dos habitantes de um complexo habitacional de Varsóvia, transformando-os em parábolas dos tempos modernos.
A Polónia, país de base profundamente católica, estava na eminência de assistir à queda do comunismo, procurando a sua identidade algures entre os fantasmas do marxismo e o pragmatismo das novas tecnologias e correntes científicas em voga na Europa Ocidental. João Paulo II era um ícone da revolução que acabaria por levar Lech Walesa ao poder.
“What is the true meaning of life? Why get up in the morning? Politics doesn’t answer that.”, disse uma vez Kieslowski, que sempre se considerou agnóstico. De facto, com a política não chegamos lá, mas em Dekalog há a poética que, se não dá respostas, pelo menos incita à meditação. Estética, ética e religião são aqui dissecadas de forma profunda - na teoria e na prática.
Em Dekalog, há também um personagem comum a praticamente todos os episódios, que vamos assumindo como metáfora sem sabermos exactamente do quê. É uma figura de certa maneira híbrida que, não tendo influência directa nos acontecimentos, anda por lá, ou aparece por lá. Sobre ele Kieslowski disse a certa altura: "I don't know who he is", apesar de depois ter acrescentado: "He's not very pleased with us." Em 1995 diria também ao San Francisco Chronicle: "In the Old Testament, there is a punishing God, in the New, he was a good old man forgiving trespasses. The competition for God today is not another God, but things which compete with the idea of God. So we started looking at things that some people found more important than God. We found a very simple conflict between faith and the brain, the conflict between the head and the heart.", e é disto que trata Dekalog.
Enfim, são quase 10 horas de filme (2 DVD's), mas vale a pena a maratona (ou devo dizer a peregrinação?) num fim-de-semana de mau tempo como o que passou, ou como aquele que aí vem.
JMA.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
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