quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Giovanni e Bruna.



Varenna, Lago di Como, penúltimo dia antes de regressar a Portugal. Andávamos a fazer contas à vida para ver como é que havíamos de fazer para apanhar o avião no dia seguinte, às 06h10 (o ultimo comboio de Varenna para Orio al Serio era às 21.37, o que quer dizer que o mais tardar às 22.30 estaria em Bergamo e teríamos de fazer horas até à hora do vôo, sendo que a alternativa era apanhar um Taxi que custava 150€, o que estava for a de questão) quando decidimos entrar num restaurante em Varenna chamado Borgovino. Era um lugar com cinco mesas no interior e duas na rua, especializado em vinhos. Bruna servia à mesa e falava com as pessoas num italiano cerrado partindo do princípio que elas a entendiam perfeitamente e alternava o serviço com pequenos intervalos para fumar à porta, o que deixava os clientes que saíam em estado de choque. Enquanto nos servia foi perguntando de onde éramos e para onde íamos. Entretanto Giovanni acabou o seu trabalho e veio à boca de cena para se juntar à conversa. Eramos os últimos clientes. Dissemos que íamos embora no dia seguinte, no último comboio, e que aquele tinha sido o nosso último jantar em Varenna. Não foi. Disseram-nos que viviam em Lecco e que para se chegar ao aeroporto de Orio al Serio era um pequeno desvio, e que por isso, se quisessemos, no dia seguinte nos levavam ao aeroporto. No dia seguinte jantamos tranquilamente no Borgovino. Comemos sardinhas marinadas e um risotto de carne divinais acompanhados por vinhos da Toscânia e do Piemonte escolhidos a dedo por Giovanni. No fim do jantar ajudamo-los a fechar o “tasco”e a levar o lixo, e lá fomos nós para o aeroporto de cu tremido. Durante o caminho foram-nos contando das suas vidas. Bruna trabalhava das 08h00 às 17h00 no departamento de produção de uma marca de chás em Bergamo, e Giovanni apanhava-a todos os dias no fim do trabalho para irem para o seu restaurante em Varenna.
Quando eu disse ao Giovanni que tinha sido uma sorte termos ido lá parar no dia anterior ele respondeu: “No José, La fortuna aiuta gli audaci”.

1 comentário:

Mariana Carravilla disse...

Adorei a história!!! Deve ter sido demais a viagem. Beijos