sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Teatro, o Cinema e os Livros.


“as pessoas que dão mais valor à estabilidade e que temem tudo o que é transitório, incerto, mutável, construíram um poderoso sistema de estigmas e tabus contra o desenraizamento como força desestabilizadora e anti-social, e assim conformamo-nos a maior parte das vezes, fingimo-nos motivados por lealdades e solidariedades que realmente não sentimos, escondemos as nossas identidades secretas sob a pele falsa das identidades marcadas com o selo da aprovação. Mas a verdade escapa-se nos nossos sonhos; sozinhos na cama (porque todos estamos sós na noite, mesmo quando não dormimos sós), elevamo-nos, pairamos, fugimos. (...)Aquilo que proibimos a nós mesmos, pagamos bom dinheiro para admirar num teatro ou num cinema ou nas folhas de um livro.” 

Rushdie, In O Chão Que Ela Pisa.

Rich girl with maid.



Photo: Jacob Holdt

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Serralves.




Quando o telemóvel relativiza o facto de termos deixado a máquina fotográfica em casa. Não é a mesma coisa mas começa a andar perto.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Claudia.



"Senão é como amar uma mulher só linda, e daí?". Vinícius de M.

Dias de Praia de Inverno.



O Sol não está muito quente mas temos tido uns bons dias de praia a preto e branco.

Foto: Ralph Gibson

Teoria e Prática.


"Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria. Quem não sabe nada de um assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou acaso, chama "teórico" a quem sabe mais e, por igual acaso, consegue menos. Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não saber aplicar é uma meneira de não saber, tem rancor a quem aplica por instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva.

Na vida superior a teoria e a prática complementam-se. Foram feitas uma para a outra."


Fernando Pessoa, em Revista de Contabilidade, Nº1, Pág.5, Janeiro de 1926.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Capuchinho Vermelho.



E hoje, na Praça da Galiza, estava a Capuchinho Vermelho. Encostou a mochila à árvore,  e aproveitou para ler um bocado ao sol. 

Passeio Alegre.





Ontem o Passeio Alegre estava assim, com o tempo parado.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A menina está dormindo...



...nas palhinhas deitadinha.

Foto: Graeme Mitchell.

Os Sulcos.


"-Não vale a pena, Zé Fernandes. Há uma imensa pobreza e secura de invenção! Sempre os mesmos florões Luís XV, sempre as mesmas pelúcias... Não vale a pena!
Eu arregalava os olhos para este transformado Jacinto. E sobretudo me impressionava o seu horror pela Multidão - por certos efeitos da Multidão, só para ele sensíveis, e a que chamava os “sulcos”.
-Tu não sentes, Zé Fernandes. Vens das serras... Pois constituem o rijo inconveniente das Cidades, estes sulcos! É um perfume muito agudo e petulante que uma mulher larga ao passar, e se instala no olfato, e estraga para todo o dia o ar respirável. É um dito que se surpreende num grupo, que revela um mundo de velhacaria, ou de pedantismo, ou de estupidez, e que nos fica colado à alma, como um salpico, lembrando a imensidade da lama a atravessar. Ou então, meu filho, é uma figura intolerável pela pretensão, ou pelo mau gosto, ou pela impertinência, ou pela relice, ou pela dureza, e de que se não pode sacudir mais a visão repulsiva... Um pavor, estes sulcos, Zé Fernandes! De resto, que diabo, são as pequeninas misérias duma Civilização deliciosa!"


Eça de Queirós, in A Cidade e as Serras.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Yeah, it's all about teeth.





Berlinale Kamera Prize.



"No livro [de Eça de Queiroz], Macário confessa-se a um companheiro. [No filme, confessa-se a uma senhora sentada ao seu lado no comboio, interpretada por Leonor Silveira.] Achei mais viável o desabafo a uma senhora do que a outro homem, achei mais bonito, mais sedutor. De resto, as mulheres têm esse pendor, elas percebem os homens, já que eles não as percebem tão bem... A mulher é o lado feminino do universo, a parte fundamentel na continuidade das espécies. Já Agustina Bessa-Luis dizia, referindo-se à Virgem, que a Mulher é a Mãe de Deus. A mulher, digo eu agora, é a mãe da humanidade."

"Há uma fórmula que adoro, que li escrita no jornal a propósito de uma escultura em Modena de Donatelli, que dizia 'ele consegue a simplicidade dos gregos e o realismo da Renascença'. Achei esta ideia magnífica: ser simples quer também dizer ser claro, e ser claro é trazer á superfície o que é mais profundo."


Manoel de Oliveira, Berlinale.
Fonte:ipsilon.publico.pt

Oh Mafalda...