O depoimento de Calazans Neto sobre a passagem de Vinicius de Moraes pela Bahia, ilustra de uma forma perfeita o estado de espírito que deveríamos conseguir alcançar (pelo menos) durante as férias. Duas semanas não são certamente suficientes, nem talvez o seja uma vida inteira, mas aqui fica a inspiração para o melhor que conseguirmos fazer:
"A passagem de Vinicius de Moraes pela Bahia, nós podemos resumir como a sua passagem em Itapoã, porque foi onde realmente ele sentiu uma Bahia, mas uma mais morna, mais cheia de encanto, uma Bahia cercada de uma paisagem muito bonita, e esta sua passagem por Itapoã marcou, porque nós nos reuníamos aqui no meu ateliê, que era perto da casa dele, e então, todas as manhas nós conversamos até o fim do dia. Mas conversávamos sobre o quê? Sobre as coisas que a vida tem de boa, as coisas amenas, então, não queríamos mudar nada, queríamos aceitar a vida como ela era, gostosa, morna, engraçada. Então, a nossa conversa era sobre como a gente podia ver um dia em Itapoã. Era do nascer do sol ao morrer do sol, às vezes sem fazer absolutamente nada. Chega um tempo em que você descobre que o bom é não fazer nada, é ver o dia passar. No dia em que você consegue, como nós conseguimos, eu e Vinicius, conversando sobre amenidades, ver o dia passar, de manhã até o sol se por, é quando você realmente está tranquilo, onde você não é neurótico, onde as coisas estão muito mais presas no seu íntimo. Então, era isso a nossa vida aqui em Itapoã com Vinicius de Moraes."
Calazans Neto, In Vinicius, de Miguel Faria Jr. (2005).
E assim vamos a banhos. Boas Férias.
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