Num universo com milhares de marcas nacionais e internacionais, e porque um vinho não é só o conteúdo de uma garrafa, mas também a forma como é engarrafado, rotulado, embalado, distribuído e apresentado ao consumidor, deverá existir um cuidado crescente com a forma de comunicar, sendo que o aspecto final do produto dita, em cerca de 50% dos casos, a decisão de compra. Não pretendo naturalmente com isto dizer que se pretenda a “Ikeização” do mercado dos vinhos, mas sim, que se deverá prestar especial atenção às características visuais do produto; e há ainda muito por fazer.
Numa perspectiva de internacionalização, e num momento em que o preço baixo do dólar prejudica inevitavelmente a exportação para os diferentes países que lhe estão anexados, as marcas portuguesas podem, e devem, usufruir da consequente baixa de preços dos canais de comunicação, reforçando os seus investimentos na promoção dos seus produtos no exterior. Em termos de comunicação, julgo ser importante analisarmos a conjuntura internacional numa perspectiva optimista, ou pelo menos de “copo meio cheio”, evitando a habitual inércia justificada pela incógnita da variação das principais bolsas mundiais.
Em países como o nosso, em que é fácil aceder a bons vinhos em diferentes locais, desde as garrafeiras tradicionais, passando pelas grandes superfícies, que começam a ter já uma oferta interessante e representativa das diferentes regiões vitivinícolas, ou pelas lojas gourmet, a internet acaba por ter uma função mais informativa do que comercial, mas que não deverá ser descurada enquanto ferramenta de comunicação. Os sites bilingue (ou “tri”, e por aí fora) são uma tendência natural e, na minha perspectiva, obrigatória, para qualquer marca com ambições de internacionalização. O produtor deverá também ter especial atenção ao nome que dá aos produtos que pretende exportar, uma vez que a fonética da língua portuguesa nem sempre tem uma fácil dicção noutras línguas, e a memorização de um nome é essencial para a sua divulgação. As marcas de vinho portuguesas precisam então de aprender línguas, sair da redundância do vestido preto (que é uma opção elegante mas também comodista), comprar maquilhagem nova, e apanhar um avião à procura de novos desafios.
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