Deve ter sido há cerca de um mês. Ia de manhã trabalhar e parei num dos semáforos do costume. O sinal ficou entretanto verde mas, antes de arrancar, reparei que havia um movimento estranho na entrada de um prédio do meu lado direito. Na verdade era uma saída. Dois homens carregavam desajeitadamente um pequeno caixão branco. Foram centésimas de segundo mas a brutalidade daquela imagem acompanhou-me o resto do dia, e está lá sempre que por ali passo. Agora foi a tragédia de L’Aquila que nos entrou pela casa dentro. Ali estavam outros caixões brancos. Esta noite deitei os meus filhos e, depois de adormecerem, fiquei a olhar para eles mais tempo do que é habitual. Em silêncio pedi-lhes desculpa pelas vezes em que não consigo dar-lhes aquilo de que precisam. O Mateus tem uma mota como esta.
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